domingo, 15 de maio de 2011

Trechos do Livro "Platero Y Yo" - A ESCOLA




A ESCOLA

Se fosse a escola, Platero, com outras crianças, aprenderias o a, b, c e traçarias pauzinhos. Saberias tanto quanto o burro das figuras de cera- amigo de Sereiazinha do Mar, que aparece coroado de flores de pano, no espelho que mostra toda rosa, carne e ouro, em seu verde elemento-; mais que o médico e o cura de palos, Platero.


Mas, apesar de teres só quatro anos, és tão grandalhão e tão pouco refinado! Em que cadeirinha sentarias em que mesa escreverias, que cartilha e que pena te serviriam, em que lugar da roda cantarias o Credo, diz?


Não. Doña Domitila – de hábito de padre Jesus de Nazareno, todo roxo com cordão amarelo, iguala os Reyes, o besugueiro- te colocaria pelo menos duas horas ajoelhado num canto dos plátanos, ou te daria varadas nas mãos, ou comeria a marmelada da tua merenda, ou colocaria papel em brasa debaixo do teu rabo e faria tuas orelhas ficarem vermelhas e ardidas como as do filho de abegão quando vai chover...


Não Platero, não. Vem comigo. Vou te mostrar as flores e as estrelas. E ninguém vai rir de ti como de um menino bobo, nem te por na cabeça como se fosses o que chamam de burro, o capuz de olhos grandes orlados de anil e almagra, como os das barcas do rio, com duas orelhas que são o dobro das tuas.

Trechos do Livro "Platero Y Yo" - CALAFRIO





CALAFRÍO

A lua caminha conosco, grande, redonda, pura. Nos prados sonolentos, vêem-se vagamente como que cabras negras, entre amendoeiras... Alguém se esconde, calado, à nossa passagem... Por cima da cerca, uma amendoeira imensa, nevada de flores e de luar, a copa enleada com uma nuvem branca, cobre o caminho crivado de estrelas de março... Um cheiro penetrante de laranja... Umidade e silêncio... A trilha das bruxas...

-Platero, que... Frio!

Platero, não sei se com seu medo ou com o meu, trota, entra no riacho, pisa na lua e a despedaça. É como se um enxame de claras rosas de cristal se enredassem em seu trote, querendo retê-lo.

E Platero trota encosta acima, a garupa encolhida como se alguém fosse pegá-lo, já sentindo a mornidão suave, que parece nunca chegar, da aldeia que se aproxima...

Trechos do Livro "Platero Y Yo" - BORBOLETAS BRANCAS




BORBOLETAS BRANCAS



A noite cai já nebulosa e arroxeada. Vagas claridades malvas e verdes e, permanecem ainda por detrás da torre e da igreja. O caminho sob cheio de sombras, de campânulas, de fragrância de capim, de canções, de cansaço e de anseio. Logo, um homem obscuro, de gorro na cabeça e espeto na mão, o rosto feio momentaneamente avermelhado pela luz do cigarro, desce até nós de uma choupana miserável, perdida entre sacos de carvão.

Platero se amedronta.


- Alguma coisa?


- Veja o senhor... Borboletas Brancas...


O homem quer cravar o espeto de ferro no cesto, e não o detenho. Abro o alforje e ele não vê nada. E o alimento ideal passa, livre e cândido, sem pagar imposto...

Trechos do Livro "Platero Y Yo"




TRECHOS DO LIVRO
“PLATERO Y YO”

PLATERO


“Platero é pequeno, peludo, suave; tão macio por fora, que parece todo de algodão, parece não ter ossos. Só os espelhos de azeviche de seus olhos são duros como dois escaravelhos de cristal negro.


Deixo-o solto, e ele vai para o prado, e acaricia mansamente com o focinho, mal as tocando, as florzinhas cor-de-rosa, azul celeste e amarelo-ouro... como se viesse rindo, como que num desprendimento ideal.


Come o que lhe. Gosta de laranjas, tangerinas, uvas moscatéis, todas de âmbar, figos-rouxos, com uma gotinha cristalina de mel...


É terno e mimoso como um menino, como uma menina...; mas forte e rijo por dentro como de pedra. Quando aos domingos, passo montado nele pelas últimas ruelas da aldeia, os homens do campo, de roupa limpa e vagarosos, ficam olhando:


- Ele tem aço...

Tem aço. Aço e, ao mesmo tempo, prata de luar.

Projeto PLATERO




PLATERO
(PROJETO)

Há algum tempo, venho perseguindo a idéia da construção de um espetáculo, baseado no livro “Platero Y Yo” (Platero e Eu) de Juan Ramón Gimenez, prêmio Nobel de literatura espanhola.


Os textos foram escritos em prosa poética, originalmente feito para narração, acompanhado pela música composta especialmente para estes textos por Mario Castelnuevo-Tedesco, grande compositor Florentino, que se utilizando da linguagem musical espanhola, criou o acompanhamento de violão (guitarra espanhola).


Para realizá-lo aqui, necessitava de uma boa tradução e estava disposto a fazê-la, quando no ano passado (2010) a Editora Martins Fontes, lançou uma bela versão bilíngüe Português/Espanhol, viabilizando então esta idéia.


Como o modelo que assisti em Madrid de Ator e não narrador, não me agradou, mantive o formato original para narração.


Este espetáculo é apenas “baseado” na idéia original. Eu fiz algumas mudanças que achei melhor como dinâmica de palco.


Alguns textos foram escolhidos do total de 278. Ponteamos primeiramente para poder roteirizar, os que falavam das quatro estações (pois a história vai de uma primavera a outra – nascimento e morte do burrinho) e depois alguns que completavam estes espaços.


Transformei alguns destes textos escritos em prosa poética em poesia e musiquei como canções baseadas nas estruturas da música espanhola, mas buscando ritmos de influências latinas, que são resultado da colonização espanhola na América, transportando para mais perto de nossa realidade cultural essa influência (Música dos Trópicos).


A formação musical para acompanhar o show será de 2 violões de 6 cordas, 1 violão flamenco, cello, violino e percussão.


As canções e textos serão ilustrados com projeção de filmes e imagens multimídia e por um boneco do burrinho estilo bumba meu boi, que será manuseado pelo personagem do dono do burro,confeccionado no Maranhão especialmente para este evento.

Apresentação do Blog Música e Literatura

O Blog Literatura e Música foi idealizado com

o objetivo de levar cultura e entretenimento

aos mais diversos públicos através de informações

de qualidade sobre tudo o que acontece culturamente

no momento.

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